O Dr. Frank McClanahan, médico missionário no Egito, foi um dos primeiros homens a entrar na tumba de Tutankhamon, dois dias após sua descoberta em 1922. Durante vários meses, ele retornou mais cinco vezes para contemplar extasiado seus tesouros dourados. Ele era o médico particular de Lord Carnarvon, o conde britânico que financiou a expedição arqueológica. O falecimento intempestivo do nobre, apenas quatro meses depois da descoberta da tumba, gerou rumores da existência de uma maldição que recairia sobre aqueles que perturbassem o faraó no seu local de descansando eterno.
Acidentes, doenças e mortes misteriosas pareciam confirmar a crença e a lenda se espalhou à medida em que os jornais da época relatavam os estranhos acontecimentos. O médico nada fez para contestar a existência dessa maldição, mas acabou fazendo-o pelo simples fato de ter vivido com boa saúde até os 92 anos de idade, falecendo em 8 de fevereiro de 1979. Dizia que era a prova viva de que a tal maldição não existia. Ele viveu no Egito com a esposa, Helen, de 1915 a 1951 e fundou um pequeno hospital em Luxor, cidade às margens do Nilo próxima das antigas ruínas de Tebas.
Quando Carnarvon se sentiu mal, em março de 1923, chamou McClanahan e este relatou que o milionário estava sentado na cama com uma mordida de mosquito na lateral da testa e um filete de sangue escorrendo da ferida. O doutor ordenou que ficasse de cama e usasse compressas para a infecção. O nobre recusou-se a alterar sua ocupadíssima agenda, acabou pegando pneumonia e morreu em abril daquele ano.
Os jornais lançaram os rumores sobre uma antiga maldição. Quando o milionário norte-americano George Jay Gould morreu de pneumonia em maio, depois de uma visita à tumba de Tutankhamon, a histeria começou. Uma série de incidentes trágicos amentaram a superstição. O secretário pessoal de Carter, Richard Bethell, morreu de parada cardíaca. O pai de Bethell, Lord Westbury, cometeu suicídio. A esposa de Carnarvon morreu em uma viagem à Índia. O egiptólogo francês Georges Benedite morreu de insolação. O egiptólogo britânico Hugh Evelyn-White enforcou-se. O arqueólogo norte-americano Arthur Mace morreu de tuberculose.
Os que acreditavam na maldição atribuíram mais de 20 mortes à descoberta da tumba. Mentes científicas teorizaram que os visitantes do túmulo poderiam ter sido vítimas de antigas bactérias ou do mofo lá existentes. McClanahan sempre insistiu que as mortes foram apenas uma coincidência. Ele afirmava que de fato havia uma longa lista de pessoas que morreram, mas que havia arqueólogos indo e vindo todo o tempo de todas as partes do mundo. E argumentava que caso você considere qualquer multidão de pessoas e futuramente analise o grupo, sempre achará certa porcentagem de mortes entre eles. A esposa do Dr. Frank, que também entrou na tumba e não acreditava na maldição, faleceu aos 95 anos de idade em 1986. Howard Carter, por sua vez, nunca acreditou na maldição. Ele próprio faleceu quase 17 anos depois de descobrir a tumba, em 1939.